Tem que abrir mão, sim! – 4

O QUE ME INTERESSA

Dentro da nossa série “Tem que abrir mão, Sim!” quero compartilhar com vocês um poema, que também poderíamos chamar de Manifesto, que é um dos mais lindos e instigantes que já li…
Muito inspirador e creio que tem tudo a ver com o tema que dividimos aqui.

E como todas as nossas convidadas da série enfatizaram em seus lindos depoimentos, este poema também nos chama a atenção para o mesmo ponto: precisamos aprender a viver bem com nossas escolhas, precisamos aprender a escolher para o que dizer Sim e para o que dizer NãoNos faz refletir sobre nossas experiências, felizes ou tristes, maduras ou nem tanto, solitárias ou coletivas. Mas acima de tudo, nos ensina a colocar “alma”  nas escolhas que fazemos. Assim estaremos felizes independente de como o “mundo” nos julgará.

Espero que seja inspirador para você como foi para mim.
O CONVITE
Por Oriah Mountain Dreamer (Tradução de Maria Helena Rangel Geordani – M993C)

Não me interessa saber como você ganha a vida. Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer os anseios do seu coração.
Não me interessa saber sua idade. Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor, pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo. 

Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua. O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza, se as traições da vida o enriqueceram ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor. Quero saber se você consegue conviver com a dor, a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la.



Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria, a minha ou a sua, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos, sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas, que nos lembremos das limitações da condição humana.



Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira. Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo. Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma, ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança.

Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia, ainda que ela não seja bonita e fazer dela fonte da sua vida.

Quero saber se você consegue viver com fracasso, o seu e o meu. E ainda assim pôr-se de pé na beira do lago e gritar para o reflexo prateado da lua cheia: “Sim!”. 

Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para alimentar os seus filhos.

Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui. Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar.

Não me interessa onde, o que ou com que estudou. Quero saber o que o sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorrona.

Quero saber se você é capaz de ficar só consigo mesmo e se nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia.


Para quem gostou do poema, recomendo tambem o livro: O convite – Oriah Montain Dreamer. publicado no Brasil pela Editora Sextante. Tradução do original “The Invitation”.
Cada capítulo é uma aventura, onde a autora narra de forma simples e envolvente sua maneira de ver e viver  intensamente este manifesto…