Tatiana Lemos é a nossa convidada da vez para falar de Escolhas.
Ela viveu histórias incríveis sobre “Temos que abrir mão, Sim”! Aprendeu a escolher para o que dizer Sim e para o que dizer Não. A melhor palavra pra descrevê-la poderia ser “intensa”. Apaixonada e intensa em tudo o que faz, teve que fazer escolhas desde muito cedo.
Fez escolhas com paixão e sem medo… sempre em busca da felicidade. E o resultado não poderia ser melhor… Nos inspiremos com a história dela!
Ela viveu histórias incríveis sobre “Temos que abrir mão, Sim”! Aprendeu a escolher para o que dizer Sim e para o que dizer Não. A melhor palavra pra descrevê-la poderia ser “intensa”. Apaixonada e intensa em tudo o que faz, teve que fazer escolhas desde muito cedo.
Fez escolhas com paixão e sem medo… sempre em busca da felicidade. E o resultado não poderia ser melhor… Nos inspiremos com a história dela!
Tempo não é dinheiro. Tempo é vida. E vida é tudo que temos. Por isso, por ser tão precioso, o tempo tem que ser muito bem investido.
Uma executiva que tem o maior prazer em trabalhar, ser desafiada e reconhecida pelo seu impacto no mundo, quando tem um filho, tem que encarar o dilema do que fazer com seu tempo: criar o moleque dedicadamente ou voltar a trabalhar e se alimentar daquelas coisas que seguem importantes, mas que implicam em menos tempo com o moleque? Detalhe: não existe TEMPO DE QUALIDADE, aquela coisa mágica que o mercado de auto-ajuda quer nos fazer acreditar que exista. Aquele tempo quântico onde cabe tudo. Só existe um tempo. “O” tempo.
Tempo no trabalho significa menos tempo com o moleque. Viagens que esse trabalho exige são menos noites em casa com o moleque. Menos risadas cúmplices, menos descobertas que você poderia acompanhar, menos tombos que você poderia evitar, menos 1as palavras que você poderia ouvir, menos protagonismo na rotininha dele. Por mais que ele te ame de forma devotada e simbiótica, por mais que ele seja a sua “cria” e te reconheça pelo cheiro. É simples assim – você não pode ter tudo. A Cláudia e a Nova mentiram.
É claro que, ao decidir voltar no mesmo ritmo e paixão de antes, você vai criar uma estrutura de proteção pro moleque; nada faltará, só o seu tempo. E isso, você tentará dar pra ele de sobra nos fins-de-semana. Mas saiba: o tempo investido longe dele não é, de verdade, “compensável”. As coisas perdidas são perdidas mesmo. E é importante saber disso pra concluir que o trabalho tem que ser MELHOR depois de se ter um filho, tem que fazer muito mais sentido, tem que deixar um legado bom – porque, a partir daí, o custo de oportunidade é formar o moleque. A barra sobe. A tolerância baixa. Você fica mais “safa” pras armadilhas em volta. Você faz escolhas mais conscientes.
Pra mim, ter o Davi sozinha, aos 23 anos, quando ainda era gerente júnior de marketing, me deixou mais “acordada” pro valor real do meu tempo.
Vou dividir com vocês umas histórias. Primeiro, uma de quando até o Davi viu que o trabalho valia a pena. Minha mãe me ajudou muito com ele nos primeiros anos. Uma vez, quando eu estava numa vaga regional, viajando muito, ele comentou com ela que estava triste; que estava com saudades da mamãe. Minha mãe disse pra ele conversar comigo, me contar isso, me pedir pra mudar de vaga e buscar algo mais tranquilo que me desse mais tempo com ele. Sabe o que ele disse? “Vovó, mas como vou pedir isso pra ela? Ela também AMA o trabalho. E eu quero uma mamãe feliz, não triste. Eu não vou pedir isso. Vai passar. Já já ela volta…”. Ele tinha 4 anos, mas já sabia que eu sempre voltava e voltava realizada.
Agora, uma história de quando não valia a pena: morávamos em Londres e o Davi tinha 7 anos. Fazia só um ano que estávamos lá. Rolou uma troca profunda na estrutura e meu novo chefe queria me expatriar de novo para a Holanda, buscando ficar fisicamente junto ao time na nova configuração. Eu disse que não iria, que o contrato era base Londres e que meu filho tinha acabado de se adaptar à nova escola, língua e cidade: não podia. Aí, ele propôs que eu deixasse o Davi em Londres com minha tia (que morava conosco) durante a semana e ficasse na Holanda de 2a a 5a. Eu disse que não, que isso significaria passar sistematicamente 4 de 7 dias por semana longe do meu filho e que aí a conta não fechava. A conversa acabou quando ele, então, pra fazer funcionar, me propôs uma promoção (?!!). Agradeci, mas disse que ele não tinha entendido o problema….meu filho, TEMPO! Preferi voltar pro Brasil lateralmente.
A vida vira um exercício constante de “fazer a conta fechar”: cada escolha tem um preço. Escolher pra que dizer “sim” e pra que dizer “não” é uma tarefa muito íntima e impossível de delegar.
Última história antes de ir: deixamos Davi com 7 anos lá atrás, voltando comigo de Londres pra São Paulo, de mala e cuia. Corta. Avança a fita 11 anos: eu e Davi comemorando meu aniversário na Califórnia, em Janeiro de 2014, numa viagem que fizemos pra prospectar universidades pra ele. Ele agenda o jantar num restaurante cuidadosamente escolhido e aí me apresenta uma caixinha com um delicado anel de brilhantes: “Mãe, esse aniversário é especial, porque é o ano em que eu faço 18 anos; é minha maioridade. Queria te dizer que tô criado, tô pronto. Por isso esse presente: pra vc saber que sua missão comigo tá cumprida, que deu tudo certo, que tudo valeu e que tudo é bom!”. Dentro do anel, mandou gravar: “JOB WELL DONE”.
Resumindo: sempre vai haver preços e perdas. Mas invista bem seu tempo, exija que seu trabalho valha a pena e ponha alma nas suas escolhas. Assim, seu tempo (leia-se SUA VIDA) nunca terá sido desperdiçado.
Tatiana é hoje Diretora Global de Comunicação pra Culinários na Nestlé, baseada na Suíça. O Davi bateu asas mais cedo e já está no 2o ano da sua graduação na Universidade de Yale, nos EUA. Os dois se falam todos os dias por Whatsapp, Messenger, Skype, telefone, Sanpchat e qualquer tecnologia nova que ajude a encurtar a distância e diminuir as saudades.