Passei quatro dias em Lisboa aproveitando um feriado aqui na Suiça. Uma delícia rever a cidade e amigos queridos que vivem por lá e Lisboa nunca esteve tão viva, pujante e animada. Revi e redescobri lojas, restaurantes e mirantes. Que só em Lisboa. Mas o que chamou mesmo a atenção foi a quantidade de brasileiros que encontrei nas minhas perambulações. Sempre houve muitos, mas dessa vez a afluência virou assunto entre taxistas, garçons, lojistas. Uma verdadeira invasão. Mas o mais desconcertante é a razão: não se trata de crise econômica, desemprego, falta de perspectiva. Trata-se de segurança. Brasileiros fugindo do seu país por medo de assaltos, seqüestros, balas perdidas. Buscando refúgio em Portugal, país que ainda vive uma crise econômica e sofre com o desemprego, mas é um lugar seguro, onde as pessoas vivem em paz, com tranquilidade. Segurança não é tema relevante entre seus nativos.
Aproveitando a brasilidade na cidade, há cerca de um ano, um empreendedor português, Rui Gomes Araújo, abriu a Casa Pau Brasil, uma loja-conceito com o melhor que o Brasil tem pra mostrar em produtos, moda, arte, música. Fica no antigo Palácio Castilho, todo renovado, no bairro Príncipe Real. Uma beleza. Representa o Brasil que amamos e queremos pra nós. Vale a visita.
Passando pela livraria Bertrand ( a mais antiga da Europa, imaginem, fica ali no Chiado desde 1732) deparei com um livro que acabei comprando simplesmente pelo titulo: « As pessoas felizes lêem e bebem café». Nada demais, romance bom pra ler no avião. Mas o título me fez pensar nos nossos brasileiros fugitivos, que nada mais buscam que tranquilidade pra viver o dia a dia, em paz, talvez parar num café literário, uma calçada, um banco de praça, um mirante. Direito básico de civilidade, de vida em sociedade. Não é pedir muito.