Este post foi originalmente publicado no blog super descolado Maleta Amarela (www.maletaamarela.com.br) da minha amiga Lívia Guimarães. Mas como é um “assunto” que gerou muita interação, resolvi reeditar no MyWay. É assim:
Minha maior preocupação quando optamos por seguir uma carreira internacional e viver uma vida de “expatriados”, nunca foi o trabalho. Sempre foi, e continua sendo, o bem estar e a adaptação das crianças. Essa jornada já leva 12 anos, cinco mudanças e três países.
Sempre digo que a expressão “working mother” é incorreta e não reflete a realidade. O que existe são “mothers that work”. Por mais executivas, ambiciosas ou carreiristas que sejam. Filho SEMPRE é prioridade. Em qualquer lugar do mundo e em qualquer cultura.
Então, como mãe atenta, e vivendo muito tempo na Europa (8 anos ao todo, o que é um tempo muito significativo na vida dos meus dois filhos Leonardo e Rafael, hoje com 15 e 11 anos), pude observar através da escola, dos amigos e das outras mães, diferenças e semelhanças na maneira de lidar e, sobretudo, de educar as crianças.
Educação sempre é “assunto” então já vamos deixar combinado que cada filho é um, que geralmente esse “um” é super especial, lindo, brilhante, que cada família tem seu jeito, que não existe receita de bolo pra educar, que cada mãe e pai sabe onde lhes aperta o calo etc, etc. Mas é pura bobagem ignorar que há aspectos positivos e negativos na maneira que escolhemos educar nossas crianças. Então, na tentativa de acertar sempre, que tal um pouco de humildade e olhar pro lado com interesse? Mesmo achando que “meu filho é demais” e “ eu sei o que é melhor pra ele” ?
O que gosto muito na maneira de se educar filhos no Brasil (e na América Latina em geral) :
1– A emoção explícita : nunca é demais abraço, beijo, carinho e apelidos amorosos de todo tipo
2– A informalidade no encontro entre amigos e família : um tal de ir e vir pra casa do outro, porta aberta pra receber, sem muita cerimônia pra nada
3– O fato de criança ser sempre bem vinda e ser recebida com sorriso no rosto e agrados
4– A alegria da criança vem em primeiro lugar. Não deixar chorar muito tempo, socorrer e proteger sempre, dar tudo de si pra que a auto-estima dos pequenos cresça e permaneça (ups… requer muita atenção nesse ponto, pra não virar pai e mãe sem noção e criar monstrinhos mimados)
O que gosto muito na educação Europeia:
1– Criança é criança e, de preferência, permanece criança durante todo o período da infância. Explico: até 12 anos, muito raro ver menina passando batom, pintando unha, criança com celular a mil, página no facebook, mania de shopping ou consumo pessoal. Nesse período se estimula brincar muito, ler história infantil, dormir cedo, comer direito e na hora.
2– Disciplina e independência : aqui os pais não “fazem tudo” pra criança : coisas como amarrar o sapato, cortar o bife, pendurar o casaco quando chega, arrumar a mala da escola e o uniforme sozinhos, levar o prato da mesa, dobrar e guardar a própria roupa, escovar os dentes sem precisar mandar e arrumar a própria mala de viagem, são coisas que se estimulam desde bem cedo : tipo a partir dos 4-5 anos
3– Criança tem hora e tem lugar: quando a hora é “ adulta”, ou seja, num jantar, quando se recebe visitas, num restaurante ou na casa de alguém, não pode ficar incomodando e chateando o tempo todo, tem que aprender a dar espaço pro outro, mesmo que o “outro” seja pai ou mãe. O limite é o limite de incomodar, ou seja, inadmissível ficar gritando, correndo, esperneando, chamando atenção pra si
4– Por favor, com licença, obrigado, bom dia e até logo. Sempre e sem precisar pedir
Eu e minha amiga Lívia ( http://www.maletaamarela.com.br) já demos muita risada sobre essa questão de ver como as pessoas se transformam quando viram pai ou mãe. Muitas vezes aquilo que criticavam nos outros, acabam por praticar quando tem filhos. Tipo patéticos assumidos mesmo.
Me lembro de uma história de uma amiga da Lívia que dizia ter um método excelente de educação dos filhos : “vou do Piaget ao Pinochet em cinco minutos”!”. Nunca me esqueci e adorei : acho que o bom é saber dosar e, entre Europa e Brasil, procuro observar e fazer o melhor pelos meus filhos, pra que eles sejam felizes, sim. Mas também para que esse mundo seja um lugar melhor pra se viver, com pessoas mais inteligentes, generosas, elegantes e, acima de tudo, com muita consideração pelos outros .