Neste ano decidimos passar as férias de verão na Grécia. Duas semanas e meia J. Não gosto muito de ficar pulando de lugar em lugar em viagens, mas desta vez achei que devia ao menos conhecer duas ilhas, antes de me “fincar” em Creta por dez dias, lugar que já conheço e adoro.
As eleitas foram Naxos e Santorini, uma nada que ver com a outra. Enquanto Santorini tem vistas deslumbrantes, hotéis e restaurantes bacanas ultra turísticos dependurados por seus penhascos, Naxos conserva mais a vida das pequenas cidades gregas, praias desertas, estradas poeirentas e turismo local. Gostei mais. Além da famosa hospitalidade grega em qualquer idioma, a comida é ótima e farta nas pequenas tavernas barulhentas e séculos de história se intrincam em suas pedras, colinas, mosteiros e templos mitológicos. Passeando por ali, me lembrei de uma lenda grega em particular, o mito de Teseu e o Minotauro.
Conta a história que, para pagar tributo ao rei de Creta, 7 rapazes e 7 moças deveriam ser enviados de Atenas todos os anos para serem devorados pelo Minotauro, um monstro meio touro, meio homem que vivia em um engenhoso labirinto de onde jamais alguém conseguiu sair. Teseu, príncipe de Atenas, para desgosto de seu pai, o rei Aegeu, decidiu se voluntariar entre os jovens mártires e tentar matar o monstro. Chegando a Creta, ele conheceu a princesa Ariadne, que acabou se apaixonando pelo jovem herói. Ela decidiu ajudá-lo entregando a ele um fio de ouro, cuja extremidade ela ficaria segurando fora do labirinto para que ele pudesse encontar o caminho de volta. E também uma espada, com a qual Teseu acabou matando mesmo o Minotauro. Vitorioso, Teseu prometeu levar Ariadne consigo para Atenas mas, no meio do caminho, ele acabou abandonando a moça na ilha de Naxos, que ficou conhecida como a Ilha de Ariadne.
O que me leva de volta às férias e a pensar em Ariadne, seu gesto e seu destino (que no fim não foi tão ruim assim apesar do ingrato Teseu, mas isso é outra história). Ariadne ficou mesmo conhecida pelo famoso fio, no sentido arquetípico de apontar uma direção salvadora, um fio condutor que nos mostre o caminho, que nos tire da escuridão. Este primeiro semestre foi estressante, duro e difícil e vim decidida a me desconectar e descansar. Mas recordando desta história passeando por Naxos, pensei que talvez o que se precisa não é somente relaxar, mas encontrar o fio de Ariadne, aquele que nos momentos de tormenta, nos aponta a direção certa. E o fio pode ser uma idéia, uma intuição, uma pessoa, um livro. Que tem o poder de mudar o rumo das coisas.
Adorei estar em Naxos e de me lembrar desse antigo mito grego. O fio de Ariadne se encontra quando menos se espera. E essa idéia me deixou revigorada e inspirada para enfrentar o segundo semestre que vem por aí.